sexta-feira, 24 de março de 2023

 Tom Jobim dizia que Heitor Villa-Lobos, quando jovem, ouvia nas tertúlias litero-musicais, em sua casa, autores como Brahms, Mozart, Bach, Beethoven, Schumann, Wagner, Puccini, Schubert  e outros grandes. Ele tinha uma sólida formação clássica, contudo, era injustamente e impiedosamente atacado pela crítica e a imprensa. As baboseiras de sempre, como dizia Tom Jobim. Críticas primárias, e deboche, de gente que não entendia sua proposta musical. 


Villa-Lobos tinha uma personalidade forte, era de enfrentar brigas, o outro caminho seria a loucura ou abandonar a música. Sua postura rebelde que vinha do modernismo de 22 continuava viva.


Villa-Lobos era um homem explosivo, jupiteriano. No início, ele respondia aos ataques com violência verbal, era colérico. Depois,  adotou a linha do deboche, do sarcasmo. Ele dizia, em tom jocoso, que os críticos tinham razão, ele não entendia nada de música, quem entendia eram os jornalistas, mas Villa Lobos provocava dizendo que gostaria de saber quem seria lembrado pela posteridade 100 anos depois de sua morte. 


A crítica só passou a tratar Villa-Lobos com respeito quando ele começou a ser executado em Orquestras Sinfônicas na Europa e nos EUA. 


Tom Jobim via na música de Villa-Lobos a natureza do Brasil, os pássaros, o povo do interior. As elites queriam ouvir apenas a Ópera e a música clássica de origem europeia, não queriam ouvir O Trenzinho do Caipira, por exemplo, ou o choro na música clássica. 


A luta de Villa-Lobos foi fundamental para a formação de uma identidade cultural da música do Brasil.


Somente com os aplausos das plateias de Paris e Nova Iorque, Villa-Lobos passou a ser visto como o gênio que sempre foi, dizia Tom Jobim.

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