sexta-feira, 24 de março de 2023

 Dorival Caymmi, F. Lobo, Presidente JK, Lamartine Babo, Pixinguinha e Louis Armstrong.

Pixinguinha,  Custódio Mesquita, Joubert de Carvalho e Ernesto Nazareth compuseram fox canção ente 30 e 45. Pixinguinha disse que Carinhoso tinha influência do jazz, fox trot. Outros trataram como polca.



Louis Armstrong, Presidente Juscelino Kubitscheck e Ataulfo Alves.

Choro e samba são gêneros nacionais, nasceram no fim do século XIX, fruto da mistura de gêneros europeus e africanos, e sofreram influencias e transformações no século XX. A Bossa Nova nasceu do samba-canção.

Custódio Mesquita e Mario Lago, fox, grande sucesso de Nada Além.




Ary Barroso e Nat King Cole


A narrativa de uma identidade musical homogênea, de longa tradição, em relação ao samba é uma ficção. Um instrumento de luta política e cultural. A tentativa de impor uma identidade musical ao Brasil sem base histórica. Pura arbitrariedade. 


O Samba nasceu do Maxixe do fim do século XIX e início do século XX, através da obra de Donga, Sinhô, João da Baiana, e Heitor dos Prazeres. O Maxixe é fruto da fusão de gêneros europeus com o lundu africano. Assim também é o Choro que nasceu da polca (austriaca), mazurca (polonesa),  schottische (alemão), valsa (vienense), o minueto e a habanera cubana com o lundu. Grandes nomes do choro foram Callado, Anacleto, Nazareth, Pixinguinha, Villa Lobos, Altamiro Carrilho, Waldir Azevedo, e Zequinha de Abreu. 


A Tia Ciata fazia reuniões desses grandes nomes do choro e samba no Rio de Janeiro, Donga, Sinhô, e João da Baiana.


Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth utilizavam os ritmos africanos em suas composições com gêneros europeus, chamavam de choro, valsa-choro e tango.  Heitor Villa-Lobos também combinou o erudito e o popular.


Em 1917 foi gravado no Brasil o primeiro samba de grande sucesso "Pelo Telefone", com letra de Mauro de Almeida e Donga.


Ismael Silva criou a primeira escola de samba, a Deixa Falar, e o samba de desfile nos anos 20, no Rio de Janeiro. Uma mudança rítmica com um novo padrão instrumental percussivo, estilo mais sincopado.


No fim dos anos 20, nasceu o Samba-canção (Henrique Vogeler, Marques Porto e Luís Peixoto). O samba de Noel Rosa, Ary Barroso (samba exaltação), Herivelto Martins, Lupicinio Rodrigues, Custódio Mesquita, Ataulfo Alves, Assis Valente, e Caymmi, é bem diferente do samba da época de Donga e Sinhô. Depois, nos anos 40, houve a influência do bolero no Samba-canção. 


Nos anos 40, Custódio Mesquita, Mário Lago e Pixinguinha gravaram Fox.


O Choro com o Samba deu origem ao samba de gafieira, samba de salão, e ao samba de breque. 


No pós-guerra, surgiu o sambalanço sob a influência do samba exaltação, jazz, ritmos caribenhos, e deu origem ao samba rock e ao samba jazz. 


A Bossa Nova foi mais uma etapa nesse processo evolutivo do samba. Uma vertente do Samba-canção. Nunca houve uma uniforme e longa tradição de um gênero musical no Brasil. Os músicos americanos adotaram a Bossa Nova como Cool Jazz.


Tom Jobim sempre enfatizou esse ponto, a riqueza do samba e suas variações.


A Bossa Nova definiu um recorte, uma batida, dentre as múltiplas possibilidades rítmicas do samba.


Tivemos o Partido Alto que deu origem ao Pagode nos anos 80 e 90.


O Jazz possui essa capacidade plástica de incorporar expressões musicais nacionais e manter suas raízes.


Essa riqueza de gêneros e ritmos é bem brasileira e admirada no mundo todo. Não surpreende, portanto, que tenha produzido um Tom Jobim, um Heitor Villa-Lobos, e um Ary Barroso.


Nazareth introduziu elementos de Bach e Tchaikovski, Jesus Alegria dos Homens, O Cravo Bem Temperado e o Quebra Nozes.


O Maestro Soberano como o culminar de uma linda história da música brasileira que começou com a Polca de Callado e Chiquinha Gonzaga passou por Ernesto Nazareth, mestre Villa-Lobos, Ary Barroso e Pixinguinha e chega no Maestro Soberano. Brasil, encontro de povos e culturas !


A Bossa Nova não é um segmento da música que ficou de lado, ou uma etapa da história que ficou para trás, ela é a própria origem da modena música popular brasileira. Essa música de Roberto Carlos, Caetano, Gal, Milton Nascimento, Elis Regina, Ivan Lins, Djavan, Gonzaguinha, Marisa Monte, Elza Soares, Ana Carolina só pôde florescer porque a Bossa Nova quebrou paradigmas. As pessoas ouvem músicas de Tom Jobim nas novelas da Globo e nem sabem que é de Tom.



Dick Farney e Walt Disney. Samba-canção e Jazz


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 O Maestro Júlio Medaglia e Nelson Motta disseram que ouviram João Gilberto numa loja de disco cantando nos anos 50 e acharam a coisa mais estranha do mundo. Levaram um choque. Ninguém cantava assim. Uma revolução estava em curso na música. Tom Jobim defendeu João Gilberto perante os críticos e as gravadoras. A voz e o violão e a redução da orquestra. A orquestra no violão. Os acordes em bloco. Não tocava em arpejo. As frequências das notas se misturam o que favorece o acompanhamento de acordes em bloco que ele desenvolve. O cantor que canta aos ouvidos e conquista o coração. Um canto quase falado. Uma nova leitura da tradição. Ele cantava como Orlando Silva. Influenciado por Dick Farney promoveu uma inflexão para o intimismo.  Gravou todos os clássicos do samba-cancao. Gravou com Stan Getz nos EUA. Astrud Gilberto também. Pediu para Elizeth Cardoso cantar Chega de Saudade no ritmo da Bossa Nova no álbum Canção do Amor Demais um marco.


Cauby Peixoto e Bing Crosby. 

Cauby era considerado um Bing Crosby brasileiro.

Bing Crosby gravou Aquarela do Brasil e Copacabana de Braguinha.

Cauby tinha influência de Orlando Silva (1915-1978) e Sílvio Caldas, e do americano  Nat King Cole A maneira de cantar, a divisão de sua voz, tem influência do estilo de Sinatra e Bing Crosby, um canto mais natural e menos empostado do que Orlando Silva e Francisco Alves (1898-1952). Mesmo mais natural, Cauby utiliza um tom de voz alto e com melismas, utilizado para estender as sílabas 


A voz de Cauby se assemelha a de Sinatra barítono  aveludado, com fluência nos graves e nos agudos, afinação que serve a diversos gêneros musicais, imensa versatilidade estilística. 

Lúcio Alves e Dick Farney eram comparados a Bing Crosby e Sinatra. Cauby a Nat King Cole e Bing Crosby. 


A Bossa Nova não impos um modelo de canto. Ela tornou tudo mais rico e complexo. Antes havia um padrão da grande voz, dos barítonos, tenores e sopranos no samba-canção e bolero. A Bossa permitiu a interpretação minimalista ter espaço, o canto intimista, a voz que canta ao ouvido e conquista o coração. Os compositores também eram esquecidos. Poucos compositores eram conhecidos do grande público. Os compositores perderam o medo de cantar com a Bossa Nova. Com a legitimação da voz solitária com pouca orquestra ou sem orquestra, os cantores tiveram mais liberdade para atuar.


Há diversidade nas interpretações da Bossa Nova.

Tom Jobim nunca desejou impor um modo de interpretar ou um ritmo ao seu cancioneiro, deixou aberta aos músicos, cantores e instrumentistas essa possibilidade.

Ninguém tinha coragem de cantar ao lado de Silvio Caldas ou Orlando Silva.


Você tem Sylvinha Telles, Lúcio Alves, Dick Farney, Mário Reis, João Gilberto, Nara Leão e tem Elis Regina, Jair Rodrigues, Gal Costa, Elza Soares, Leny Andrade e etc. 


As canções de Tom Jobim foram gravadas como o Samba-canção clássico, como Sambalanço, como Bossa Nova e como Cool Jazz.


As grandes forças musicais do Brasil, no século XX, foram o Choro, o Samba e o Samba-Canção. O Bolero, no Brasil, não foi tão forte como nos demais países da América Latina, onde grandes sucessos explodiram, sucessos como: Gregorio Barrios, Augustin Lara, Lucho Gatica, Armando Manzaneros, Bienvenido Granda, Daniel  Santos, Pinedo, Beltran, Manolo Otero (espanhol), Júlio Iglesias (espanhol), e Miguel Aceves.


No Brasil, contudo, tivemos, também, grandes compositores de bolero, como Evaldo Gouveia e Jair Amorim, grandes interpretes como Nelson Ned, Altemar  Dutra, Nana Caymmi, Clara Nunes, Anísio Silva, Alcione, Roberto Carlos, Vicente Celestino, Dalva de Oliveira, Elis Regina, Ângela Maria, Francisco Petrônio, Nelson Gonçalves, Carlos Galhardo, Maysa, Silvio Caldas, Fafa de Belém e muitos outros.


O bolero não foi tão forte no Brasil porque a música nacional dominante foi o samba-canção,  mas como diz Nana Caymmi, eles são primos. Os brasileiros sempre tiveram grande admiração por Lucho Gatica, Gregorio Barrios, e Piazolla.


Interessante ouvirmos Tom Jobim cantado como bolero. Altemar Dutra interpretando Luiza de Tom Jobim. A música bela, sublime.  A música que encanta. A música que emociona.


Fats Elpidio, Elpídio Sales Meneses Pessoa, e Paulo Moura no Hotel Meridien, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Fats Elpídio gravou Castro Neves, Tom Jobim, Newton Mendonça, Hianto, Menescal, Bôscoli, Evaldo Gouveia, e Tutuca.


Os parceiros de Tom Jobim como Newton Mendonça, Billy Blanco, Aloysio de Oliveira, Vinícius de Moraes, e outros grandes, quando tinham alguma frase, refrão, sequência melodica levavam a Tom Jobim porque sabiam que ele ia desenvolver aquilo de forma brilhante, incrível, explorar possibilidades nunca imaginadas, transformar em ouro, tal sua genialidade criativa.  Uma profusão de riqueza melodica, harmônica, surgiria de um singelo pedaço de papel. Tom Jobim era um ourives de jóias musicais. O criador de maravilhas.

O mago Tom Jobim e seu caleidoscópio, criador de genial.


Todos os grandes nomes do jazz gravaram Tom Jobim. 



.Tom Jobim em Ipanema, em frente ao Bar Garota de Ipanema. Gerswhin, como Tom Jobim, combinou Ravel, Debussy e Jazz. Gerswhin também se inspirou em Stravinski


Koellreutter, Villa-Lobos, Lucia Branco, Tomás Teran, Leo Peracchi, Alceo Bocchino, Lyrio Panicalli, e Radames Gnatalli contribuíram para que Tom Jobim não se prendesse à divisão erudito popular. Koellreutter influenciou muita gente boa como Santoro, Edino Krieger, Isaac Karabchevsky, Guerra Peixe, Paulo Moura.


Sem criar regras e restrições para a execução de suas canções, Tom Jobim abriu as portas para a criatividade dos artistas. A parceria de Tom Jobim e Claus Ogerman foi coroada de êxito. Eles conseguiram conciliar as ideias do arranjador e seus novos elementos com a proposta original do autor e sua identidade musical.

"

Tom Jobim tinha uma capacidade de criar tão belas melodias com poucas notas, comparável ao gênio de Mozart"

Maestro Júlio Medaglia


Caio Silvio Elogio a Tom Jobim Ernani Lyrio

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