sexta-feira, 20 de outubro de 2023

 Muitos músicos brasileiros se transferiram para os EUA, como Carmen Miranda, Aloysio de Oliveira, Moacir Santos, Laurindo Almeida, Sérgio Mendes, Oscar Castro Neves, Eumir Deodato, Astrud Gilberto, e, no passado mais remoto, a soprano Bidú Sayão que divulgou a obra de Villa-Lobos. Contudo, Ary Barroso e Tom Jobim não quiseram se fixar nos EUA. Viveram lá e aqui. 


Tom Jobim dizia que nos EUA tudo funciona perfeitamente, em termos tecnológicos, o profissionalismo é máximo, um mercado vasto e sólido, tudo que você necessita, você consegue, mas faltava o aspecto do convívio, da cultura, da natureza, a gastronomia, dos amigos, o carnaval, e o futebol. Lembrando que nos anos 50, 60 e 70 não era tão fácil fazer viagens internacionais frequentes. Por essa razão, Tom Jobim não quis ficar, em definitivo, nos EUA, Ary Barroso pensava igual. Dorival Caymmi e João Gilberto também não se fixaram lá. 


Já Carmem Miranda teve que se fixar lá para ter uma carreira no cinema, Aloysio também se radicou lá e casou com uma americana. Dick Farney e Cauby Peixoto tiveram uma passagem pelos EUA. Dick Farney e Lúcio Alves exerceram um papel fundamental no nascimento da Bossa Nova.  Existe, também, o aspecto da inspiração. Heitor Villa-Lobos foi contratado pela MGM e teve músicas usadas em filmes da Disney, mas voltou, tal a sua identificação com o Brasil. 


Tom Jobim fez uma combinação ideal, para seu tempo, entre o mundo exterior e o Brasil.  Sua obra foi aplaudida pelos maiores músicos do planeta. Tom Jobim continuou no Brasil fazendo shows aqui e gravando. Hoje é tudo mais fácil com internet, TV a cabo, e vôos diários, não há mais aquela sensação de isolamento. Sérgio Mendes vem com frequência ao Brasil e músicos brasileiros viajam com frequência para o exterior. 


Tom Jobim declarou que o sucesso internacional de Ary Barroso foi fundamental para a sua decisão de seguir na música, e não na arquitetura. Ele ficava orgulhoso de ver a música brasileira aplaudida no exterior.  Por dez anos, ele viajou pelo mundo todo com a Nova Banda, até seu falecimento em NY, em Dezembro de 1994. Continuaria seu tour pelo Brasil e o mundo, se o destino não interrompesse, mas a doença não deixou. Tom Jobim dizia que não importa onde residimos, mas sim, que continuemos aqui, vivendo e produzindo.

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