quarta-feira, 27 de setembro de 2023

 Obra do artista plástico Mello Menezes. Uma pintura que vale por mil palavras e interpretações da obra de Tom Jobim. Um compositor que participa da obra da natureza.  A voz da mata, a voz da fauna, a sinfonia da natureza, o céu, o sol, a montanha, o mar, as praias, as águas, a harmonia do homem e da natureza, a mulher. O compositor como um co-criador do Universo. O belo e o amor pelo conjunto da natureza. Uma visão do Éden ou o Maravilhoso Mundo de Antonio Carlos Jobim. O regente da Mãe Natureza. Em cada estrela uma canção. Um compositor que fala com a nossa alma. Crença ou otimismo forte no futuro do Brasil, o papel do Brasil na America Latina e no mundo, desenvolvimento econômico e social, cinema novo, nova arquitetura. O Tom como morro verde, amarelo, azul, "que não tem vez", a crítica social, "a cidade que vai se alegrar" quando o morro tiver vez, a tragédia de Orfeu, desgraça no meio da alegria suprema do carnaval. Tensão, drama, na letra, na melodia e leveza.


As artes, ou seja, literatura, música, dramaturgia, permitem ao homem pensar sobre experiências que não tiveram, alternativa ao que viveram, sentir mais intensamente saudade, alegria, tristeza, fixar na memória momentos felizes. Tom Jobim acreditava no poder transformador da musica, mas lembrava que a música pode ter múltiplos propósitos como ir a guerra, relaxar, fazer exercício físico, amar e etc.


Jabor dizia que Tom Jobim sempre o remetia a um passado idealizado e a um Brasil alternativo.  A perfeição e a excelência da música e o descompasso com a realidade social. A saudade, portanto,  do que podíamos ter sido. 


Saudade de um Rio de Janeiro diferente. Um tempo que passava mais lento. Uma  época onde curtiamos a vida com prazer. Hoje não há tempo, há um caos de acontecimentos e um sumidouro de eventos e damos graças a Deus de sairmos vivos. No passado, por exemplo, passear pela praia era lírico, bucólico. Ipanema era um pedaço do paraíso.


Tom Jobim era nossa referência cotidiana. Felizmente não se ausentou em definitivo do Brasil, para viver nos EUA. Enquanto viveu, esteve presente aqui, falando de tudo. 


Gostava de falar de aves, animais da mata e do mar, não apenas pelo amor à natureza, mas também porque desejava fugir da brutalidade do cotidiano. 


Tom Jobim falava da natureza e da necessidade de harmonia do homem com o meio. Não fazia uma pregação romântica, mas realista. 


Ao tratar a realidade social em Orfeu Negro não reforçava esteriótipos, faz uma crítica sofisticada. Tragédia em meio a máxima expressão da felicidade.


Tom era um mediador do mundo dos homens com natureza. Sem a harmonia com a natureza, não há como pensar o futuro da sociedade, dizia Jabor sobre Tom. Ao morrer Tom Jobim voltou à natureza como árvore, floresta ou algum animal que ele amava. 


Jabor dizia que Tom Jobim não era delimitavel. Tom não tinha começo e nem  fim, era um Debussy de conceitos, lançados uns sobre os outros, como num fluxo das ondas de Ipanema. O Brasil pensava sobre si, através de Tom Jobim. Sua morte foi a derrubada de uma floresta. Através de Jobim, Guimarães Rosa, Villa-Lobos, Debussy, Chopin, Ravel, Ary Barroso se faziam presentes.


Uma perda enorme para a cultura nacional. 


São referências para pensar o Brasil que partem e deixam um enorme vazio.


Catedrais de beleza musical


Maestro Soberano


Samba-canção, samba choro, valsa, sinfonia


A Bossa Nova foi um movimento de renovação da música brasileira. Um desejo de renovar a melodia, harmonia, letra, interpretação instrumental e vocal. O modelo do samba canção, choro, bolero e serestas necessitava uma ampliação de horizontes para atender às demandas de uma nova geração que não se reconhecia nesses antigos limites. Muita tristeza, drama, e tragédia. Os jovens desejavam leveza, uma postura otimista, afirmativa, feliz em relação à vida e ao mundo. Não significa que o que havia antes não fosse belíssimo. De fato era, mas o público sentia necessidade de uma nova forma de expressar sentimentos e visões sobre o mundo. Uma nova roupagem da tradição. Uma nova leitura. Elementos da música erudita foram introduzidos e o público international pôde admirar e incorporar nossa produção musical.


A Bossa Nova é muito mais do que um estilo de compor e interpretar, é a origem da música brasileira moderna. Harmonia, melodia, letra.

Tom Jobim não tem dez canções extraordinárias mas 100 canções acima do normal.

Sua obra é imortal.

Paixão e emoção de múltiplas formas. Poesia pura.

O universal no nacional. A comunicação universal das culturas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário