terça-feira, 11 de julho de 2023

 O Carnaval é uma festa que vem da Grécia Antiga, da Roma Antiga, culto do deus Dionísio e Baco. Dionísio o pai do teatro e da tragédia grega. Deus do vinho, da sensualidade, da alegria, da desordem e das forças da natureza.


Os orficos cultuavam Dionísio.


A tragédia de Orfeu, uma desgraça no Carnaval, alegria suprema, contradição individual e social, tristeza na alegria máxima. Orfeu era motorista e músico.


Orfeu e Eurídice eram dois amantes, se amavam intensamente, mas a noiva de Orfeu invejava o amor do casal.


Orfeu era filho de Calíope, musa da mitologia grega, e do deus Apolo, herdou do pai uma lira que emitia um som envolvente, todos eram atraídos por sua magia, dos pássaros no céu às árvores.


Tom Jobim é o Orfeu da Bossa Nova.


Vinícius declarou que quando convidou Tom Jobim para compor as canções da peça Orfeu da Conceição não tinha a menor ideia de que estava deflagrando o mais importante movimento da música brasileira no século XX.  Na peça Orfeu da Conceição e no filme.


O Orfeu Negro é o único "Oscar do Brasil" na história da Academia.


Orfeu Negro, Orfeu brasileiro, largou a lira e adotou o violão.


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A poesia de Vinícius de Moraes teve uma fase espiritual, influência da sua formação no colégio Santo Inácio dos jesuítas, posteriormente adveio a fase erótica, por assim dizer. Vinícius de Moraes teve várias influências em sua poesia.


A França abraçou a Bossa Nova com Sacha Distel, H Salvador, P Barouh, Moustaki e o Orfeu com roteiro de Camus, além do filme Copacabana Palace com Mylene Demongeot.




A ideia de aplicar a mitologia grega ao povo da favela no Brasil, nasceu de um comentário de um amigo americano de Vinícius de Moraes, Waldo Frank, que visitou o Rio de Janeiro e a Bahia no ano de 1942. Ele ficou encantado com a cultura da população negra do Brasil, batucada, dança, capoeira, e candomblé que via em favelas como a do Pinto no Rio de Janeiro, e comparou aos gregos da Antiguidade. Waldo era um estudioso da cultura dos povos da América Latina.


Apesar da plena integração na sociedade ocidental, urbana, moderna, complexa, a população pobre das favelas mantinha elementos culturais de outras épocas da história.


Vinícius de Moraes ficou com essa ideia na cabeça e, em Niterói, na casa de um amigo, o pintor Carlos Leão, próximo do morro do Cavalão, ficou ouvindo a batucada, lendo mitologia grega e pensando sobre qual história seria mais adequada ao contexto dos morros do Brasil. Identificou em Orfeu e Eurídice a tragédia mais adequada para essa combinação de profunda alegria popular e terrível sofrimento do povo. Orfeu era músico na Tracia.


Em 1953 a peça já havia conquistado o primeiro lugar no concurso do IV Centenário de São Paulo, mas sem música. Vinícius soube que o produtor francês Sacha Gordine havia manifestado interesse em transpor a peça para as telas do cinema e viu que a trilha sonora era imprescindível. Ideia que viria a se materializar na produção de 1959, de Marcel Camus.


Vinícius procurou Vadico que foi o maior parceiro de Noel Rosa e pianista de Carmem Miranda, mas ele recusou o convite porque estava doente. Vinícius contou o problema para seus amigos Lúcio Rangel e Haroldo Barbosa e foi apresentado a Tom Jobim que também frequentava a Casa Vilarino que era um lugar de encontro de pessoas do meio artístico como o Café Nice.


Foi, então, que surgiu a parceria mais importante da música brasileira e mundial.


Tom Jobim já conhecia Vinícius de bares e festas do Rio de Janeiro, mas não era um amigo intimo. Tom Jobim já era conhecido por sua parceria com Billy Blanco em Tereza da Praia e na Sinfonia do Rio, além das canções com Newton Mendonça.


Outros compositores que participaram da trilha sonora do filme foram Luiz Bonfá e Antônio Maria, amigos de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Manhã de Carnaval e Samba do Orfeu obras de Luiz Bonfá e Antônio Maria.


Oscar Niemeyer fez os cenários, Carlos Scliar e Djanira fizeram os cartazes, o Teatro Experimental do Negro de Abdias Nascimento escolheu os atores para o elenco, como o próprio Abdias, além de Haroldo Costa, Ademar Ferreira da Silva, Ruth de Souza entre outros.


O tema de Orfeu já havia sido transformado em opera por Claudio Monteverdi em 1607 e depois por Gluck em 1752


Na peça, Roberto Paiva interpretou "Um nome de mulher", "Se todos fossem iguais a você", Mulher, sempre mulher", "Eu e o meu amor", "Lamento no morro". Agostinho dos Santos emprestou sua voz na interpretação das canções de Tom Jobim e Vinícius de Moraes no filme,

" Felicidade", "Frevo do Orfeu", "O Nosso Amor","Valsa de Euridice"" Manhã de Carnaval" "Samba do Orfeu"





Se houver vida inteligente em outro planeta semelhante à nossa, haverá música, é uma necessidade do homem de comunicar sentimentos, sensações, memórias pessoais, familiares, históricas, o homem acrescentando sons agradáveis por várias razões, espirituais, naturais, o canto, expressão de orgulho, união, otimismo, tristeza. Tom Jobim pensava desse modo.

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