sábado, 30 de dezembro de 2023

 O Carlinhos Lyra que nos deixou recentemente fez questão de retornar às raízes do samba, samba canção, samba de breque,  samba do Estácio, ele temia a descaracterização da Bossa Nova na música americana. Par ele, a Bossa Nova não era um gênero ou um movimento superado, era a própria origem da música brasileira moderna. Sem a Bossa Nova, o mundo da MPB seria impossível. Assim como o jazz possui a capacidade de se conectar com vários tipos de expressões musicais nacionais e preservar a sua identidade, a Bossa Nova transcende o samba-canção que a gerou e tem a capacidade de abraçar todos os gêneros musicais. A Bossa Nova não veio excluir as grandes vozes, as orquestras, veio ampliar os horizontes, incluir e não excluir. Veio traduzir a visão de mundo da juventude que não se reconhecia em boleros e sambas dramáticos e infelizes. Abriu as portas para a mulher, os jovens compositores, os cantores de canto suave e intimista. Um movimento de renovação, uma nova roupagem, harmonia, melodia, lírica, arranjos. Tom Jobim nunca impôs restrições para os intérpretes de suas canções, Silvio Caldas, Galhardo, Orlando Silva, Dick Farney, Lúcio Alves, João Gilberto, Silvinha, todo tipo de cantor e de modos de interpretação gravaram Jobim.

Ele articulou o novo e a tradição, o erudito e o popular e o nacional com o internacional.

A Bossa Nova porta uma visão política sim, jamais foi alienada. Sua mensagem é a crença na liberdade, na modernidade, na democracia, na justiça social, no Bem estar, na harmonia com a natureza na superação das mazelas sociais. Seu imaginário utiliza ricas metáforas para transmitir seu ideário marcado pelo otimismo, postura afirmativa e a felicidade em todos os sentidos

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