segunda-feira, 13 de novembro de 2023

 A minha geração e a de Villa-Lobos, Ary Barroso e Pixinguinha construíram uma identidade para a música brasileira, tanto no campo erudito como popular. Villa-Lobos enfrentou enorme preconceito quanto introduziu temas nacionais e o choro na música erudita. A elite social e cultural do Brasil era eurocêntrica, música clássica era só europeia e a ópera também. Ninguém queria saber de Trenzinho do Caipira. Misturar Bach com choro era heresia. Villa Lobos só deixou de ser motivo de chacota e passou a ser respeitado e reverenciado no Brasil, quando começou a ser executado por orquestras sinfônicas na Europa e nos EUA, Paris e Nova Iorque. Depois o cinema americano contratou Villa-Lobos. 


Eu comecei no samba-canção, e a Bossa Nova como vertente do samba-canção, foi uma nova leitura da nossa tradição. João Gilberto sempre disse que era um cantor de samba-canção. Ele gravou todos os clássicos da nossa música. Eu fiz choro, valsa, moda, e Bossa Nova. A Bossa Nova nasceu da riqueza ritimica do samba. 


A presença internacional da música brasileira existiu com sucesso no passado, com Zequinha de Abreu com Tico Tico no Fubá, Waldir Azevedo com Brasileirinho, Ary Barroso e Aquarela do Brasil ou Brazil e na Baixa do Sapateiro ou Bahia. Sempre houve influência internacional na nossa música, desde o nascimento do choro, do maxixe, com a polca, valsas, o fox-canção, mas com a Bossa Nova, houve uma inversão e por isso eu digo que nunca mais o jazz foi o mesmo depois da Bossa Nova


(Tom Jobim)

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