quarta-feira, 19 de abril de 2023

 Tom Jobim pode ser considerado um interprete do Brasil ? Há teses acadêmicas que afirmam que sim. 

Ele capta as categorias sociais de pensamento. Ele criou muitas frases fantásticas sobe o Brasil. 


Ele também defendeu o índio e o meio ambiente como os antropologos. Ele encarnou a ideia de Brasil país do futuro realizado no presente. E reviveu toda a tradição do samba, do choro e conectou com o mundo. Ary Barroso, Caymmi, Pixinguinha, Villa Lobos. Uniu o erudito e o popular. 


Seus parceiros

Vinícius de Moraes, Chico Buarque, filho de Sérgio Buarque, sociólogo e historiador de vital importância. O homem cordial. Abordagem profunda da história do país e da sociedades atual.


 Vinícius, amigo dos poetas e cronistas como Rubem Braga, M Quintana, J. Cabral, Manuel Bandeira, Paulo Mendes Campos, Oto Lara, e Drumond, a sociedade explicada na crônica do cotidiano. As mazelas sociais.


Tom amigo de Callado, Antônio Candido, e A Houaiss.

Três Antônios e um Jobim.


Uma cosmovisão rica e complexa. Muitas narrativas e perspectivas de entendimento do Brasil.


A síntese da tragédia de Orfeu na plena alegria do carnaval. O morro que já fez tanto e não tem vez.


Roberto da Matta e a sociedade do privilégio. O uso privado do que é público. 

Gilberto Freyre e a questão racial, o legado africano

Darcy Ribeiro, o Brasil como uma civilização do futuro. Multietnica. O resgate do índio.


O legado do Modernismo de 22, Villa-Lobos e Mário de Andrade


A natureza do Brasil, seu povo e cultura, na música erudita 


A defesa de um país democrático, moderno, Estado de Bem Estar Social


Crítica dos vícios e categorias de pensamento social distorcidas, sociedade do privilégio 


Harmonia social e harmonia com a natureza

 " O que transforma algo tão simples em música tão incrível, tem a ver com as harmonias, por um lado, que vão colorindo de sentidos cambiantes essas poucas notas repetidas e, por outro, com a prosódia, a relação entre palavra e melodia, que confere acentos rítmicos inesquecíveis a cada pedaço de melodia e significados afetivos não menos impossíveis de esquecer.


A mitologia de imagens e costumes da bossa nova -o cantinho e o violão-, artificiosa e generosamente inventada por seus próprios artistas ,,," 


Arthur Nestrovski


******


A música de Tom Jobim representa a ambição de uma modernidade leve para o Brasil que, às vezes, ressurge teimosa


 Lorenzo Mammì


(...) as melodias de Jobim são profundamente originais. Tortuosas e assimétricas, alternam momentos de serenidade e de angústia, imobilidade hipnótica e desvios surpreendentes, concluindo muitas vezes de maneira inesperada, com um acorde estranho à tonalidade. Como num conto, grande parte do fascínio delas deriva do aparecimento de peripécias que não podemos prever e que, no entanto, uma vez ouvidas, parecem perfeitamente lógicas. Mais que estruturas tonais, elas sugerem esquemas narrativos. Todas as músicas de Jobim parecem fadadas a carregar letras, mesmo quando foram escritas como peças instrumentais. O fato de ter se cercado de letristas de sensibilidade musical excepcional e de ter sido ele próprio um excelente letrista, não é apenas um ponto de força, mas uma necessidade de sua obra. Suas canções contêm frases que são pinturas sonoras, verdadeiros madrigalismos: a pluma que oscila ao vento em "A Felicidade"; o "soft evasive mist" de "Bonita"; "Chovendo na Roseira", do começo ao fim. Mas não é essa, a meu ver, a questão principal. O que aproxima essas linhas melódicas da fala são, muito mais, seus perfis irregulares, soltos, que evitam enfatizar os centros harmônicos, acentuando quase sempre notas estranhas ao acorde. São evitados saltos grandes, que afastariam o canto da prosa. A melodia procede passo a passo por longos trechos. Final esfuziante Nesse contexto, toda alteração cromática, todo intervalo mais amplo se tingem de um sentido expressivo. Sendo portadoras de um sentimento, as alterações da escala são por sua natureza únicas e fugidias..."


****


Em muitas de suas músicas, Tom Jobim cria uma estrutura melódica mínima, baseada em poucas notas que serão repetida sob diferentes caminhos harmônicos. Para que isso funcione bem, para que essas melodias mínimas não percam em impacto emocional, não se tornem pobres, foi preciso que houvesse um desenvolvimento, uma ampliação do uso expressivo dos acordes. 


 A tensão subtraída à melodia, agora sumariamente reduzida, é compensada por uma harmonia rica, dissonante. A fórmula soa paradoxal: um elemento ultra simplificado é imantado por outro de extrema complexidade; a timidez melódica apóia-se na exuberância harmônica. Esta, por sua vez, altera a percepção que se tem da melodia – e aí está a jogada. Vamos imaginar a cena de um teatro-canção. Os acordes formam o cenário enquanto a melodia é o personagem principal. A própria forma como percebemos este último vai depender da moldura que o enquadra. 

....

Na (“Quanta gente existe por aí…”) é a melodia que passa a se deslocar por todas as notas da escala, e a harmonia, se não chega a ficar parada num só acorde, torna-se no geral mais simples, sem grandes dissonâncias, evoluindo em convencionais saltos de quinta – e não mais no deslizamento cromático do início. A composição se estrutura a partir do desdobramento de uma célula mínima que projeta diferentes harmonias e jamais retorna sobre si mesma (o mais corrente entre os compositores populares é justamente o oposto: organizar a canção em torno de um ciclo harmônico mais ou menos fechado, que vai sendo preenchido pela melodia).


Paulo Costa e Silva


Trechos de artigos da Folha de São Paulo

 " O que transforma algo tão simples em música tão incrível, tem a ver com as harmonias, por um lado, que vão colorindo de sentidos cambiantes essas poucas notas repetidas e, por outro, com a prosódia, a relação entre palavra e melodia, que confere acentos rítmicos inesquecíveis a cada pedaço de melodia e significados afetivos não menos impossíveis de esquecer.


A mitologia de imagens e costumes da bossa nova -o cantinho e o violão-, artificiosa e generosamente inventada por seus próprios artistas ,,," 


Arthur Nestrovski


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A música de Tom Jobim representa a ambição de uma modernidade leve para o Brasil que, às vezes, ressurge teimosa


 Lorenzo Mammì


(...) as melodias de Jobim são profundamente originais. Tortuosas e assimétricas, alternam momentos de serenidade e de angústia, imobilidade hipnótica e desvios surpreendentes, concluindo muitas vezes de maneira inesperada, com um acorde estranho à tonalidade. Como num conto, grande parte do fascínio delas deriva do aparecimento de peripécias que não podemos prever e que, no entanto, uma vez ouvidas, parecem perfeitamente lógicas. Mais que estruturas tonais, elas sugerem esquemas narrativos. Todas as músicas de Jobim parecem fadadas a carregar letras, mesmo quando foram escritas como peças instrumentais. O fato de ter se cercado de letristas de sensibilidade musical excepcional e de ter sido ele próprio um excelente letrista, não é apenas um ponto de força, mas uma necessidade de sua obra. Suas canções contêm frases que são pinturas sonoras, verdadeiros madrigalismos: a pluma que oscila ao vento em "A Felicidade"; o "soft evasive mist" de "Bonita"; "Chovendo na Roseira", do começo ao fim. Mas não é essa, a meu ver, a questão principal. O que aproxima essas linhas melódicas da fala são, muito mais, seus perfis irregulares, soltos, que evitam enfatizar os centros harmônicos, acentuando quase sempre notas estranhas ao acorde. São evitados saltos grandes, que afastariam o canto da prosa. A melodia procede passo a passo por longos trechos. Final esfuziante Nesse contexto, toda alteração cromática, todo intervalo mais amplo se tingem de um sentido expressivo. Sendo portadoras de um sentimento, as alterações da escala são por sua natureza únicas e fugidias..."


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Em muitas de suas músicas, Tom Jobim cria uma estrutura melódica mínima, baseada em poucas notas que serão repetida sob diferentes caminhos harmônicos. Para que isso funcione bem, para que essas melodias mínimas não percam em impacto emocional, não se tornem pobres, foi preciso que houvesse um desenvolvimento, uma ampliação do uso expressivo dos acordes. 


 A tensão subtraída à melodia, agora sumariamente reduzida, é compensada por uma harmonia rica, dissonante. A fórmula soa paradoxal: um elemento ultra simplificado é imantado por outro de extrema complexidade; a timidez melódica apóia-se na exuberância harmônica. Esta, por sua vez, altera a percepção que se tem da melodia – e aí está a jogada. Vamos imaginar a cena de um teatro-canção. Os acordes formam o cenário enquanto a melodia é o personagem principal. A própria forma como percebemos este último vai depender da moldura que o enquadra. 

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Na (“Quanta gente existe por aí…”) é a melodia que passa a se deslocar por todas as notas da escala, e a harmonia, se não chega a ficar parada num só acorde, torna-se no geral mais simples, sem grandes dissonâncias, evoluindo em convencionais saltos de quinta – e não mais no deslizamento cromático do início. A composição se estrutura a partir do desdobramento de uma célula mínima que projeta diferentes harmonias e jamais retorna sobre si mesma (o mais corrente entre os compositores populares é justamente o oposto: organizar a canção em torno de um ciclo harmônico mais ou menos fechado, que vai sendo preenchido pela melodia).


Paulo Costa e Silva


Trechos de artigos da Folha de São Paulo

 " O que transforma algo tão simples em música tão incrível, tem a ver com as harmonias, por um lado, que vão colorindo de sentidos cambiantes essas poucas notas repetidas e, por outro, com a prosódia, a relação entre palavra e melodia, que confere acentos rítmicos inesquecíveis a cada pedaço de melodia e significados afetivos não menos impossíveis de esquecer.


A mitologia de imagens e costumes da bossa nova -o cantinho e o violão-, artificiosa e generosamente inventada por seus próprios artistas ,,," 


Arthur Nestrovski


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A música de Tom Jobim representa a ambição de uma modernidade leve para o Brasil que, às vezes, ressurge teimosa


 Lorenzo Mammì


(...) as melodias de Jobim são profundamente originais. Tortuosas e assimétricas, alternam momentos de serenidade e de angústia, imobilidade hipnótica e desvios surpreendentes, concluindo muitas vezes de maneira inesperada, com um acorde estranho à tonalidade. Como num conto, grande parte do fascínio delas deriva do aparecimento de peripécias que não podemos prever e que, no entanto, uma vez ouvidas, parecem perfeitamente lógicas. Mais que estruturas tonais, elas sugerem esquemas narrativos. Todas as músicas de Jobim parecem fadadas a carregar letras, mesmo quando foram escritas como peças instrumentais. O fato de ter se cercado de letristas de sensibilidade musical excepcional e de ter sido ele próprio um excelente letrista, não é apenas um ponto de força, mas uma necessidade de sua obra. Suas canções contêm frases que são pinturas sonoras, verdadeiros madrigalismos: a pluma que oscila ao vento em "A Felicidade"; o "soft evasive mist" de "Bonita"; "Chovendo na Roseira", do começo ao fim. Mas não é essa, a meu ver, a questão principal. O que aproxima essas linhas melódicas da fala são, muito mais, seus perfis irregulares, soltos, que evitam enfatizar os centros harmônicos, acentuando quase sempre notas estranhas ao acorde. São evitados saltos grandes, que afastariam o canto da prosa. A melodia procede passo a passo por longos trechos. Final esfuziante Nesse contexto, toda alteração cromática, todo intervalo mais amplo se tingem de um sentido expressivo. Sendo portadoras de um sentimento, as alterações da escala são por sua natureza únicas e fugidias..."


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Em muitas de suas músicas, Tom Jobim cria uma estrutura melódica mínima, baseada em poucas notas que serão repetida sob diferentes caminhos harmônicos. Para que isso funcione bem, para que essas melodias mínimas não percam em impacto emocional, não se tornem pobres, foi preciso que houvesse um desenvolvimento, uma ampliação do uso expressivo dos acordes. 


 A tensão subtraída à melodia, agora sumariamente reduzida, é compensada por uma harmonia rica, dissonante. A fórmula soa paradoxal: um elemento ultra simplificado é imantado por outro de extrema complexidade; a timidez melódica apóia-se na exuberância harmônica. Esta, por sua vez, altera a percepção que se tem da melodia – e aí está a jogada. Vamos imaginar a cena de um teatro-canção. Os acordes formam o cenário enquanto a melodia é o personagem principal. A própria forma como percebemos este último vai depender da moldura que o enquadra. 

....

Na (“Quanta gente existe por aí…”) é a melodia que passa a se deslocar por todas as notas da escala, e a harmonia, se não chega a ficar parada num só acorde, torna-se no geral mais simples, sem grandes dissonâncias, evoluindo em convencionais saltos de quinta – e não mais no deslizamento cromático do início. A composição se estrutura a partir do desdobramento de uma célula mínima que projeta diferentes harmonias e jamais retorna sobre si mesma (o mais corrente entre os compositores populares é justamente o oposto: organizar a canção em torno de um ciclo harmônico mais ou menos fechado, que vai sendo preenchido pela melodia).


Paulo Costa e Silva


Trechos de artigos da Folha de São Paulo

 O Musical da Bossa Nova, Garota de Ipanema.

Várias composições de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Roberto Menescal e Carlos Lyra. A história da Bossa Nova cantada.  


Texto de Rodrigo Faour e Sergio Módena, e direção musical de Delia Fischer, o musical é dividido em quatro partes:  as histórias sobre a ‘Bossa Nova’; na segunda a origem do estilo, as influências do passado; no terceiro bloco, os costumes dos artistas da época; e o último bloco mostra a Bossa Nova ganhando o mundo.


O elenco : Andrea Marquee, Ariane Souza, Eduarda Fadini, Fabi Bang, Myra Ruiz, Claudio Lins, Marcelo Varzea, Nicola Lama, Tadeu Freitas e Jhafiny Lima. 


Algumas canções interpretadas:

‘Samba de uma nota só’ (Tom Jobim e Newton Mendonça), ‘Ela é carioca’ (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), ‘Samba da minha terra’ (Dorival Caymmi), ‘O Barquinho’ (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), ‘Chega de saudade’ (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), ‘Minha namorada’ (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes), ‘Garota de Ipanema’ (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), ‘Samba de Verão’ (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), ‘Mas que nada’ (Jorge Ben), Dindi (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), Você (Menescal), Você e Eu (Carlos Lyra), Rio (Menescal)


Reconstrução da história através da música e da memória afetiva do público.

terça-feira, 18 de abril de 2023

 A Bossa Nova jamais desejou ser um movimento elitista. Jamais desejou ser admirada apenas pela classe média e a elite. Tom Jobim e Vinícius de Moraes sempre desejaram que sua música fosse admirada por todos, na mesma tradição de Noel Rosa, Ary Barroso, Pixinguinha, e Dorival Caymmi. João Gilberto gravou todos os grandes nomes da música brasileira, além dos citados, Herivelto Martins, Custódio Mesquita, Lupicinio Rodrigues, Ataulfo Alves e muitos outros. A Bossa desejou fazer uma nova leitura da tradição em vários aspectos. A Bossa Nova tampouco desejou remover a alegria do samba ou a paixão nas canções. Desejou introduzir algo novo, a voz que fala aos ouvidos e alcança o coração. Antes, isso era impossível, somente cantores com vozeirão. Os compositores eram desconhecidos.  Poucos eram famosos. Tom Jobim jamais impôs padrões restritivos para suas canções. Podemos ver suas músicas cantadas como samba-canção clássico, sambalanço, jazz e Bossa propriamente. O jazz havia iniciado um processo de fusão com ritmos caribenhos no fim dos anos 40. O jazz possui essa capacidade plástica de se acoplar a ritmos nacionais sem perder suas raízes. A época do Cool Jazz e do Bebop, além do Smooth Jazz. A Bossa Nova ampliou os horizontes da nossa música e a projetou no mundo, de modo sem precedentes.  Aplaudida pelos maiores músicos do planeta. Se ela é considerada de elite musical é porque é de elevada qualidade em vários aspectos (melodia, harmonia, canto, lírica, arranjo, orquestração). Uma elaboração que inovou nas letras, letras mais alegres, mais afirmativas, sem tanto sofrimento como nos antigos boleros, serestas e sambas-canções. Nara Leão gravou Zé Keti, Cartola e Nelson Cavaquinho. Elis Regina gravou Adoniran Barbosa. Tom Jobim iniciou suas atividades de compositor com Newton Mendonça, fazendo samba-canção. Mário Reis, Sylvia Telles, Lúcio Alves e Dick Farney foram os cantores que iniciaram a inflexão no modo de cantar. João Gilberto declarou que não sabe o que é Bossa Nova, pois sempre disse ser um cantor de samba canção, apesar de cantar todo tipo de música.

A mulher também teve uma grande ampliação de possibilidades. Muitas e grandes cantoras apaixonadas como Maysa, Elis Regina, Leny Andrade, Claudette Soares, Gal Costa, Nana Caymmi. Existem muitos clichês e equívocos sobre a Bossa Nova que merecem ser esclarecidos sempre. A Bossa Nova não foi um movimento que passou, não foi um estilo que ficou de lado, a Bossa Nova é a própria origem da música popular brasileira moderna. Tom Jobim fiel à tradição do Modernismo de 22 uniu o erudito e o popular como fez Villa-Lobos.

A Bossa Nova nasceu no contexto histórico do pós guerra, havia um forte desejo de modernidade, um otimismo quanto ao futuro do país. A Era JK, 50 anos em 5, Brasília, Cinema Novo.

 A Bossa Nova jamais desejou ser um movimento elitista. Jamais desejou ser admirada apenas pela classe média e a elite. Tom Jobim e Vinícius de Moraes sempre desejaram que sua música fosse admirada por todos, na mesma tradição de Noel Rosa, Ary Barroso, Pixinguinha, e Dorival Caymmi. João Gilberto gravou todos os grandes nomes da música brasileira, além dos citados, Herivelto Martins, Custódio Mesquita, Lupicinio Rodrigues, Ataulfo Alves e muitos outros. A Bossa desejou fazer uma nova leitura da tradição em vários aspectos. A Bossa Nova tampouco desejou remover a alegria do samba ou a paixão nas canções. Desejou introduzir algo novo, a voz que fala aos ouvidos e alcança o coração. Antes, isso era impossível, somente cantores com vozeirão. Os compositores eram desconhecidos.  Poucos eram famosos. Tom Jobim jamais impôs padrões restritivos para suas canções. Podemos ver suas músicas cantadas como samba-canção clássico, sambalanço, jazz e Bossa propriamente. O jazz havia iniciado um processo de fusão com ritmos caribenhos no fim dos anos 40. O jazz possui essa capacidade plástica de se acoplar a ritmos nacionais sem perder suas raízes. A época do Cool Jazz e do Bebop, além do Smooth Jazz. A Bossa Nova ampliou os horizontes da nossa música e a projetou no mundo, de modo sem precedentes.  Aplaudida pelos maiores músicos do planeta. Se ela é considerada de elite musical é porque é de elevada qualidade em vários aspectos (melodia, harmonia, canto, lírica, arranjo, orquestração). Uma elaboração que inovou nas letras, letras mais alegres, mais afirmativas, sem tanto sofrimento como nos antigos boleros, serestas e sambas-canções. Nara Leão gravou Zé Keti, Cartola e Nelson Cavaquinho. Elis Regina gravou Adoniran Barbosa. Tom Jobim iniciou suas atividades de compositor com Newton Mendonça, fazendo samba-canção. Mário Reis, Sylvia Telles, Lúcio Alves e Dick Farney foram os cantores que iniciaram a inflexão no modo de cantar. João Gilberto declarou que não sabe o que é Bossa Nova, pois sempre disse ser um cantor de samba canção, apesar de cantar todo tipo de música.

A mulher também teve uma grande ampliação de possibilidades. Muitas e grandes cantoras apaixonadas como Maysa, Elis Regina, Leny Andrade, Claudette Soares, Gal Costa, Nana Caymmi. Existem muitos clichês e equívocos sobre a Bossa Nova que merecem ser esclarecidos sempre. A Bossa Nova não foi um movimento que passou, não foi um estilo que ficou de lado, a Bossa Nova é a própria origem da música popular brasileira moderna. Tom Jobim fiel à tradição do Modernismo de 22 uniu o erudito e o popular como fez Villa-Lobos.