sábado, 22 de abril de 2023

 101 anos do nascimento de Charles Mingus que morreu muito jovem em 1979. Revolucionário do jazz com Thelonius Monk e Duke Ellington. 

Creed Taylor iniciou sua trajetória como empresário na Bethlehem Records. Soube da saída de músicos como Stan Getz, Charles Mingus, Hank Jones e Billy Taylor do Jazz at the Philharmonic (JATP) de Norman Granz,  nesse momento Taylor os convida para integrar o elenco da gravadora Bethlehem, travando importantes contatos com os músicos da cena jazzística. Nesse momento ele entra em contato com o pessoal da Bossa Nova, Tom Jobim, Donato, Walter Wanderley, João Gilberto, Astrud Gilberto e começam as gravações nos EUA.

Articulação de fundamental importância para o sucesso da Bossa Nova



Coltrane




Sem perder tempo, em março de 1963, nos estúdios da A&R, em Nova York, encontravam-se a postos Stan Getz no sax tenor, João Gilberto no vocal e com o violão em punho, Astrud Gilberto no vocal, Tom Jobim ao piano, Tommy Williams no baixo e Milton Banana na bateria, todos para gravar o disco “Getz/Gilberto”, no que viria a ser uma explosão de sucesso com as faixas:

 

1) The Girl From Ipanema;

2) Doralice;

3) Pra Machucar Meu Coração;

4) Desafinado (Off Key);

5) Corcovado (Quiet Nights of Quiet Stars);

6) Só Danço Samba;

7) O Grande Amor;

8) Vivo Sonhando (Dreamer).

 

Aos mais atentos, pode-se verificar na contracapa as palavras: “Produced by Creed Taylor”.

 

(Clique aqui para ler a primeira parte do artigo antes)

 

Não satisfeito com o imenso sucesso alcançado, além de receber longos elogios da crítica, no ano seguinte Taylor lança o disco “Getz/Gilberto #2 – Recorded Live at Carnegie Hall”. O espetáculo foi dividido em duas partes, com Stan Getz e João Gilberto dialogando em cinco faixas. Na primeira parte ou The Stan Getz Side, encontramos Getz no sax tenor, Gary Burton no vibrafone, Eugene Cherico no contrabaixo e Joe Hunt na bateria. A turma americana executou 4 das 10 músicas escaladas para a apresentação:

 

1) Grandfather’s Waltz;

2) Tonight I Shall Sleep;

3) Stan’s Blues;

4) Here’s That Rainy Day.

 

Na segunda parte do show ou The João Gilberto Side, entra João Gilberto com o seu indefectível violão, o contrabaixista Keeter Beets e o baterista Helcio Milito. As músicas executadas foram:

 

1) Samba da Minha Terra;

2) Rosa Morena;

3) Um Abraço no Bonfá;

4) Bim Bom;

5) Meditation;

6) O Pato.

 

Também na contracapa lemos o nome do responsável por tudo isso, Creed Taylor. Ah! Também consta o engenheiro de som Rudy Van Gelde


 George Benson, Taylor funda a CTI (Creed Taylor Inc.) em 1970. Com uma carreira sólida e um currículo invejável, Creed alcança o equilíbrio entre o êxito comercial e as conquistas artísticas. A CTI passa a ser reconhecida pela sua sofisticação, arranjos inconfundíveis, grupo sólido de artistas (Freddie Hubbard, Stanley Turrentine, George Benson, Chet Baker, Gerry Mulligan, Nina Simone, Paul Desmond, Art Farmer, Herbie Hancock e Ron Carter estão entre alguns de naipe superior), distintos e criativos designers e fotógrafos, em destaque Pete Turner, além de voltar a trabalhar com Rudy Van Gelder.

 

Alberto de Castro Simões da Silva, o Bororó, um compositor pouco badalado, mas que Tom Jobim gostava de cantar. Ele era sobrinho da Marquesa de Santos. Carioca de Botafogo, nasceu em 1897 e faleceu em 1986. Estudou no colégio Santo Inácio, onde recebeu o apelido de Bororó por ter recebido indígenas bororó em sua casa. Essa apelido causou muitas provocações de colegas e brigas, Bororó teve que mudar de colégio.


Seu grande sucesso foi o samba “Da cor do pecado”, gravado em 1939 por Sílvio Caldas. “Da cor do pecado” foi regravado  por Elis Regina, Nara Leão, João Gilberto, Ney Matogrosso, Jacó do Bandolim e Luis Bonfá. 


Em 1940, Orlando Silva gravou o choro “Curare”, que se tornou um clássico. Bororó foi padrinho de Orlando Silva na música, conseguiu um contrato na rádio. Assim como o compositor Sinhô foi o padrinho de Mário Reis. 


Bororó foi um compositor avançado para sua época, com inovações melodicas, harmônicas e nas letras.


Em 1942, Newton Teixeira gravou o fox “Nós dois a sonhar”, parceria de Bororó com Mello Moraes. Em 1943, Sílvio Caldas gravou o samba-choro “Que é que é?”, um dos sucesso do ano. Em 1952  o samba canção “Sapatinho”, parceria de Bororó com Marino Pinto, gravado por Jorge Goularte e Trio Madrigal na Continental. 


Em 1979, o samba “Sublime tortura” foi  gravado pela cantora Miúcha com Tom Jobim ao piano. Em 1993, o clássico samba-canção “Da cor do pecado” foi gravado por Fagner no LP “Demais”  Em 2010, seu clássico samba “Da cor do pecado”, foi gravado em dueto de violão e acordeom por Dominguinhos e Yamandu.


Essa canção Da Cor do Pecado é considera uma das mais sensuais da música brasileira.


Bororó gostava de frequentar o restaurante Fiorentina no Leme no Rio de Janeiro, um point de artistas como Ary Barroso.


seu grande sucesso foi  o samba “Da cor do pecado”, gravado em 1939 por Sílvio Caldas na melhor fase de sua carreira.   . “Da cor do pecado” foi regravada  por Elis Regina, Nara Leaão, João Gilberto, Ney Matogrosso, Jacó do Bandolim e Luis Bonfá. 


Em 1940, Orlando Silva,  lançou pela RCA Victor o choro “Curare”, que se tornou um clássico no repertório do cantor. Foi o padrinho da carreira artística  de Orlando Silva,


Em 1942, Newton Teixeira gravou o fox “Nós dois a sonhar”, parceria com Mello Moraes. Em 1943, Sílvio Caldas gravou o samba-choro “Que é que é?”, um dos sucesso do ano. Em 1952 teve o samba canção “Sapatinho”, parceria com Marino Pinto, gravado por Jorge Goularte e Trio Madrigal na Continental. 


Em 1979, o samba “Sublime tortura” foi  gravado pela cantora Miúcha com acompanhamento de Tom Jobim ao piano. Em 1993, seu clássico samba-canção “Da cor do pecado” foi gravado pelo cantor Fagner no LP “Demais” da BMG Ariola. Em 2010, seu clássico samba “Da cor do pecado”, foi gravado em dueto de violão e acordeom por Dominguinhos e Yamandu Costa, no CD Lado B, do selo Biscoito 

 Estudantes da Universidade Federal de Pernambuco conversam com Tom Jobim sobre as origens da Bossa Nova. A complexa relação com o jazz, a relação com o samba-canção, a relação do jazz com a música caribenha. Tom Jobim diz que foi incrível o Brasil entrar na Meca do Jazz e ser um sucesso estrondoso sem fazer jazz. Competir com o jazz europeu e americano era impossível.  Tom Jobim diz que a Bossa Nova é a renovação do samba-canção e renovou o jazz que desejava múltiplas inovações, buscava novidades no mundo. Ele fala das dificuldades do início da sua carreira, o abandono da carreira de arquitetura e o sucesso internacional. Byrd e Stan Getz, como outros músicos americanos, foram de fundamental importância. Depois ele, João Gilberto e Astrud Gilberto foram para os EUA. A Bossa Nova foi um desejo de renovação dos jovens músicos do Brasil como o rock foi o desejo de mudança dos americanos.


Tom Jobim fez uma produção muito rica em quantidade, qualidade e em termos de gêneros musicais. Choro, moda, seresta, samba-canção, bolero, valsa, frevo, bossa nova. Um monstro sagrado inigualável ! Suas referências Ary Barroso, Pixinguinha, Dorival Caymmi, Noel Rosa, Gershwin, Cole Porter, Debussy, Chopin, Villa-Lobos percorrem suas melodias


Mais conhecido por sua participação no filme “Um Homem e Uma Mulher”, de Claude Lelouch, ganhador da Palma de Ouro em Cannes há 50 anos, o ator, cantor e compositor francês Pierre Barouh morreu em 2016 aos 82 anos. 


O mais brasileiro dos franceses, Embaixador da Música Brasileira na França.


"Saravá" sua homenagem ao Brasil de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto, Lyra, Menescal, Milton Nascimento, Noel Rosa, Ary Barroso, Edu Lobo, Pixinguinha e todos os grandes da MPB.


A França abraçou a Bossa Nova com Sacha Distel, Salvador, Barouh, Moustaki e tantos grandes. 

Orfeu Negro foi produção francesa. Copacabana Palace com Mylene Demongeot também.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

 L nouveau jazz brésilien » [Leymarie, 2003, p. 97-109] : Stan Getz, Charlie Byrd, Kenny Dorham, Ella Fitzerald, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Cannonball Adderley, Ahmad Jamal, Sarah Vaughan, Lalo Schiffrin et Quincy Jones enregistrèrent, parmi d’autres, des bossas composées par des Brésiliens ou par des Nord-américains sur le modèle défini plus haut.

 Estudantes da Universidade Federal de Pernambuco conversam com Tom Jobim sobre as origens da Bossa Nova. A complexa relação com o jazz, a relação com o samba-canção, a relação do jazz com a música caribenha. Tom Jobim diz que foi incrível o Brasil entrar na meca do jazz e ser um sucesso estrondoso sem fazer jazz. Competir com o jazz europeu e americano era impossível.  Tom Jobim diz que a Bossa Nova é a renovação do samba-canção e renovou o jazz que desejava inovações, buscava novidades no mundo. Ele fala das dificuldades do início da sua carreira, o abandono da carreira de arquitetura e o sucesso internacional. Byrd e Stan Getz como outros músicos americanos foram de fundamental importância. Depois ele, João Gilberto e Astrud Gilberto foram para os EUA. A Bossa Nova foi um desejo de renovação dos jovens músicos do Brasil como o rock foi o desejo de mudança dos americanos


Mais conhecido por sua participação no filme “Um Homem e Uma Mulher”, de Claude Lelouch, ganhador da Palma de Ouro em Cannes há 50 anos, o ator, cantor e compositor francês Pierre Barouh morreu em 2016 aos 82 anos. 


O mais brasileiro dos franceses, Embaixador da Música Brasileira na França.


Saravá sua homenagem ao Brasil de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto, Lyra, Menescal, Milton Nascimento, Edu Lobo, Pixinguinha e todos os grandes da MPB


A França abraçou a Bossa Nova com Sacha Distel, Salvador, Barouh, Moustaki e tantos grandes. 

Orfeu Negro foi produção francesa. Copacabana Palace com Mylene Demongeot também

quarta-feira, 19 de abril de 2023

 " O que transforma algo tão simples em música tão incrível, tem a ver com as harmonias, por um lado, que vão colorindo de sentidos cambiantes essas poucas notas repetidas e, por outro, com a prosódia, a relação entre palavra e melodia, que confere acentos rítmicos inesquecíveis a cada pedaço de melodia e significados afetivos não menos impossíveis de esquecer.


A mitologia de imagens e costumes da bossa nova -o cantinho e o violão-, artificiosa e generosamente inventada por seus próprios artistas ,,," 


Arthur Nestrovski


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A música de Tom Jobim representa a ambição de uma modernidade leve para o Brasil que, às vezes, ressurge teimosa


 Lorenzo Mammì


(...) as melodias de Jobim são profundamente originais. Tortuosas e assimétricas, alternam momentos de serenidade e de angústia, imobilidade hipnótica e desvios surpreendentes, concluindo muitas vezes de maneira inesperada, com um acorde estranho à tonalidade. Como num conto, grande parte do fascínio delas deriva do aparecimento de peripécias que não podemos prever e que, no entanto, uma vez ouvidas, parecem perfeitamente lógicas. Mais que estruturas tonais, elas sugerem esquemas narrativos. Todas as músicas de Jobim parecem fadadas a carregar letras, mesmo quando foram escritas como peças instrumentais. O fato de ter se cercado de letristas de sensibilidade musical excepcional e de ter sido ele próprio um excelente letrista, não é apenas um ponto de força, mas uma necessidade de sua obra. Suas canções contêm frases que são pinturas sonoras, verdadeiros madrigalismos: a pluma que oscila ao vento em "A Felicidade"; o "soft evasive mist" de "Bonita"; "Chovendo na Roseira", do começo ao fim. Mas não é essa, a meu ver, a questão principal. O que aproxima essas linhas melódicas da fala são, muito mais, seus perfis irregulares, soltos, que evitam enfatizar os centros harmônicos, acentuando quase sempre notas estranhas ao acorde. São evitados saltos grandes, que afastariam o canto da prosa. A melodia procede passo a passo por longos trechos. Final esfuziante Nesse contexto, toda alteração cromática, todo intervalo mais amplo se tingem de um sentido expressivo. Sendo portadoras de um sentimento, as alterações da escala são por sua natureza únicas e fugidias..."


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Em muitas de suas músicas, Tom Jobim cria uma estrutura melódica mínima, baseada em poucas notas que serão repetida sob diferentes caminhos harmônicos. Para que isso funcione bem, para que essas melodias mínimas não percam em impacto emocional, não se tornem pobres, foi preciso que houvesse um desenvolvimento, uma ampliação do uso expressivo dos acordes. 


 A tensão subtraída à melodia, agora sumariamente reduzida, é compensada por uma harmonia rica, dissonante. A fórmula soa paradoxal: um elemento ultra simplificado é imantado por outro de extrema complexidade; a timidez melódica apóia-se na exuberância harmônica. Esta, por sua vez, altera a percepção que se tem da melodia – e aí está a jogada. Vamos imaginar a cena de um teatro-canção. Os acordes formam o cenário enquanto a melodia é o personagem principal. A própria forma como percebemos este último vai depender da moldura que o enquadra. 

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Na (“Quanta gente existe por aí…”) é a melodia que passa a se deslocar por todas as notas da escala, e a harmonia, se não chega a ficar parada num só acorde, torna-se no geral mais simples, sem grandes dissonâncias, evoluindo em convencionais saltos de quinta – e não mais no deslizamento cromático do início. A composição se estrutura a partir do desdobramento de uma célula mínima que projeta diferentes harmonias e jamais retorna sobre si mesma (o mais corrente entre os compositores populares é justamente o oposto: organizar a canção em torno de um ciclo harmônico mais ou menos fechado, que vai sendo preenchido pela melodia).


Paulo Costa e Silva


Trechos de artigos da Folha de São Paulo